Junior Santos está de volta. O anjo das pernas confusas, o jacaré, o bagre, o raio que caiu novamente no mesmo lugar: o estádio Nilton Santos.
Sua volta não poderia ser mais triunfal, com gol de cavadinha, esse toque de leve na bola por cima do goleiro consagrado por Loco Abreu.
Temos muitos craques no time: Bastos, Marlon, Almada, Savarino (sim senhor) e o nosso astro principal Luis Henrique. Tiquinho, infelizmente não é sombra do que foi ano passado, ainda assim, é muito útil. Mas Junior Santos está numa outra prateleira, a dos heróis improváveis.
Poucos se dão conta que estamos falando de um atleta que jamais fez categoria de base. Foi auxiliar de pedreiro e jogador de futebol de várzea, isso mesmo, o cara jogava na várzea. Um belo dia, um desses olheiros o descobriu e o botou pra jogar a quarta divisão do futebol paulista com 23, 24 anos. Sua incrível força física somada à explosão no arranque o levaram para a segunda divisão do futebol japonês até que entrou no radar do nosso scout. O resto é história, uma autêntica jornada do herói.
Em sua primeira temporada no Botafogo foi ridicularizado por torcida e imprensa pelos erros grosseiros nas tomadas de decisão. Dispensado e contratado pelo Fortaleza, não jogou, apenas esquentou o banco e foi devolvido pro time do Japão.
Foi preciso Luis Castro pedir sua volta para as coisas começarem a acontecer e culminar num ano iluminado, artilheiro da Libertadores e da temporada alvinegra que ainda não terminou. Em sua melhor fase, prestes a ser convocado pra seleção brasileira, sofreu uma fratura na perna. Como desistir nunca foi uma opção para um cara desses, tratou de se recuperar e voltou em grande estilo, assinalando um golaço. Bem-vindo de volta, raio!
Junior Santos me lembra outro atacante do passado do Botafogo, um cara desengonçado, típico peladeiro de várzea também: Mirandinha.
Com 81 jogos e 36 gols nos anos de 81 e 82, Mirandinha marcou época fazendo gols de todas as formas. Nunca foi um jogador refinado. Mesmo marcando gols decisivos, quase sempre era opção de banco. No Brasileirão de 81, reserva do atacante Marcelo Oliveira, foi fundamental na campanha que levou o Botafogo às semifinais quando fomos assaltados no Morumbi e terminamos em terceiro lugar. Seu jeito atrapalhado, fominha, chutando as bolas de qualquer jeito para aonde estivesse apontado o nariz fez com que Mirandinha fosse dispensado. Negociado com o Náutico, seguiu fazendo gols e foi parar na seleção, num amistoso em Wembley contra a Inglaterra. Como jogador do Botafogo sempre se sente à vontade com a camisa do Brasil, Mirandinha entrou no segundo tempo e fez o gol de empate. Resultado: Foi contratado pelo Newcastle e se tornou o primeiro brasileiro a disputar a Premier League. De fato, há coisas que só acontecem ao Botafogo…
MANDOU BEM
John Textor engraxando as chuteiras de Junior Santos na comemoração do gol contra o Vasco é uma das cenas mais emblemáticas dessa temporada espetacular do Fogão. O big boss é sensacional.
SURREAL PERDE
Quer dizer que o Bruno Henrique é suspeito de envolvimento em manipulação de apostas? Quem diria, hein? Só não vale chorar…
Galera, nossa próxima parada é contra o Cuiabá. Olho no Isidro Pitta, no Sauer e bora ganhar dos caras. Respeito que gosta de fazer projeções mas é jogo a jogo, com muita seriedade, determinação, sem preciosismo e sem firulas. Bora Fogão!