Celeuma, balbúrdia e algazarra, a rigor, tem o mesmo significado de acordo com o dicionário. E foi o que mais se viu numa semana que o futebol deveria ser celebrado, afinal estamos nas semifinais da Libertadores e na reta final do mais equilibrado Brasileirão dos últimos tempos. Só que não. Infelizmente, a infâmia foi a grande vencedora.
Infâmia, na definição da Bíblia, significa agressão à honra ou à reputação, comportamento vergonhoso, baixeza, ou seja, tudo a ver com os últimos acontecimentos. De fato, acontecimentos infames.
Eu poderia estar falando dos pênaltis absurdos (e suspeitos) inventados pelos árbitros na última rodada do Brasileirão. Reparem nos times beneficiados. Dois deles não causam mais espanto à ninguém. O outro tem um torcedor tão ilustre quanto influente.
Poderia estar me referindo ao prêmio de melhor do mundo na última temporada dado para o volante espanhol Rodri. Ninguém discute as qualidades do jogador do Manchester City mas sua grande performance não foi nessa temporada, foi na anterior, quando Messi venceu. E onde está a infâmia? No simples fato que Vini Jr, o melhor, o jogador mais decisivo na principal competição de clubes, a Champions, não levou. Desconfio que todos já sabem porque não levou. Por conta de sua voz contra o racismo. Tão elementar quanto infame.
Mas na real, o motivo desse texto é outro e reside no país vizinho. Afinal, o que imprensa, dirigentes, torcedores e governo uruguaio fizeram e estão fazendo extrapola todos os limites da infâmia que achávamos que conhecíamos, pelo menos no futebol. Narrativas mentirosas foram criadas para culpar o Botafogo e seus torcedores pelas atrocidades cometidas por um grupo de marginais travestidos de torcedores uruguaios numa praia do Rio. Vinte deles ainda estão em cana e tomara que permaneçam por lá. As imagens daquele quiosque destruído e das motos incendiadas estão vivas em nossa memória. Nunca uma goleada foi tão merecida.
O pentacampeão da Libertadores Penarol tomou cinco gols, um pra cada título. Mas os eventos que se sucederam ao jogo histórico do Fogão foram gravíssimos. Um ministro determinando que a torcida do Botafogo seja impedida de ir ao estádio. Como assim? É sério isso? O Botafogo respondeu de forma protocolar, acionou a Comnebol, a CBF e o Itamaraty, face ao iminente incidente diplomático. Lamentavelmente, não vi nenhum pronunciamento da CBF nem do governo brasileiro. Não no tom que deveria. Será que o comportamento das nossas autoridades e da nossa imprensa seria o mesmo se fosse com Flamengo, Corinthians ou Palmeiras? Ou a celeuma seria gigante e ocuparia todo o noticiário? Enquanto escrevo essa coluna, fico sabendo que o jogo foi transferido para o estádio Centenário com a presença das duas torcidas. Independente do que aconteça em campo, é certo que haverá consequências futuras. Temo que seja só o começo de uma escalada de violência e extremismo ainda maior por aqui. E a infâmia terá vencido de goleada…
SURREAL PERDE
O cara pálida do ministro uruguaio afirmando que não garante a segurança dos torcedores do Botafogo. Atestou a própria incompetência.
MANDOU BEM
Os dirigentes do Botafogo pelo simples fato de não botarem mais gasolina nessa fogueira. Acionaram os órgãos devidos, se mativeram seremos e blindaram jogadores e comissão técnica, que é o principal.
Gostaria que o nosso presidente Lula tivesse, não somente se pronunciado, mas também feito contato com o compadre Mojica. Dois presidentes juntos seriam capazes de acalmar os animos? Vale a tentativa, se possível, antes que morra alguém. E no campo da ficção, da utopia que todo torcedor do Fogão adora, bem que o botafoguense Flávio Dino poderia acompanhar a delegação junto com o Loco Abreu vestido com a camisa Celeste Alvinegra (comprei uma na época). Desconfio que o Uruguai não gostaria de ver um incidente com um ministro do STF do Brasil em suas terras. Ponto final no delírio, bora escalar um time misto e ganhar de novo desses caras!!