Fala, Alvinegros!
Me chamo Gian Chimisso, tenho 37 anos e sou mais um irmão de arquibancada. Tenho 14 anos de experiência em gestão internacional de esportes e gestão de arenas. Atualmente, vivo em Londres – Inglaterra, onde trabalho com gestão de projetos e soluções para organizações esportivas. Trabalhei mais de 7 anos no Arsenal FC, West Ham United FC, Chelsea FC, Tottenham Hotspur, Estádio de Wembley e nas mais variadas competições europeias no setor operacional e hospitalidade. Meu campo e bola é na área da gestão e vim aqui tentar simplificar para vocês um pouco desse assunto e explicar que a bola não entra por acaso. Chega mais!!!
O período do ano 2000 até 2022 no clube de General Severiano foi árduo para torcedores e de muitas trocas no comando técnico do clube. A falta de uma gestão profissional eficiente no clube gerou anos de fracasso, transformando uma grande organização esportiva centenária em um acúmulo de dívidas que chegaram próximo a R$ 1 bilhão. A ausência de um centro de treinamento que pudesse desenvolver jogadores e formar novos atletas mostraram o quão fraco e ineficiente foi gerido o clube por tantos anos.
Durante 22 anos, nossa análise de estudo, o Botafogo teve 43 técnicos, que equivale a uma média anual de 1,87 técnico/ano ou um técnico a cada 6 meses. A verdadeira fórmula para o fracasso esportivo. Esse período foi marcado por apenas 10 títulos, muito aquém de um clube grande de série A.
O Botafogo conquistou durante pouco mais de duas décadas um total de apenas 10 títulos.
- Campeonato Carioca 2006
- Taça Rio 2007
- Taça Rio 2008
- Taça Guanabara 2009
- Campeonato Carioca 2010
- Campeonato Carioca 2013
- Taça Guanabara 2015
- Campeonato Brasileiro Série B 2015
- Campeonato Carioca 2018
- Campeonato Brasileiro Série B 2021
Torcedores alvinegros viveram longos períodos somados de eliminações precoces em competições, constantes trocas de treinadores, acúmulo de multas e não pagamento de salários de funcionários, equipe técnica e jogadores.
O renascimento do clube se deu com a aprovação da Lei da SAF em 2022 e a sua compra por parte do bilionário americano John Textor detendo 90% das ações.
Consequências da falta de gestão em uma organização esportiva
Gestão Deficiente: Falta de planejamento estratégico, profissionalização e governança transparente, além de disputas políticas internas.
Problemas Financeiros: Dívidas, má administração de receitas, falta de patrocínios fortes e incapacidade de maximizar fontes de renda.
Desempenho Esportivo Ruim: Elencos fracos, baixa qualidade nas categorias de base, constantes trocas de técnicos e maus resultados afetam a confiança e o crescimento.
Infraestrutura Inadequada: Centros de treinamento e estádio obsoleto prejudicam o desenvolvimento do clube.
Desconexão com a Torcida: Falta de engajamento, má comunicação e marketing ineficaz afastam os fãs e dificultam o crescimento da base.
Concorrência: Rivais em crescimento e incapacidade de se destacar dificultam atrair novos torcedores.
Fatores Externos: Desigualdade financeira entre clubes e crises econômicas também impactam negativamente.
Análise final dos 22 anos Pré SAF.
Do ponto de vista da gestão profissional de futebol, a forma que o clube foi gerido durante vários mandatos foi um grande fracasso. Existiram bons momentos, títulos e fatos que trouxeram a alegria para o torcedor? Sim, com certeza, mas fazendo uma análise fria, com todo o potencial que uma organização deste porte pode gerar, ficamos muito aquém. O clube aumentou dívidas sem conseguir ser sustentável, foi rebaixamento três vezes para série B, jamais conseguiu manter a base de um elenco, o que impediu o prosseguimento e continuidade para os anos seguintes. Além disso, nunca conseguiu estabelecer um padrão de jogo, um estilo característico que pudesse ser reconhecido como o “modo Botafogo de jogar”.
Os únicos três técnicos que tiveram um pouso mais de longevidade e começaram a dar um certo resultado positivo e conquistar torcedores, foram Enderson Moreira, Oswaldo de Oliveira e Cuca. Enderson teve o melhor aproveitamento como técnico no clube no seculo XX e esteve no cargo por 7 meses, resultando em 31 partidas (20V/7E/4D) sendo campeão do Brasileirão Série B em 2021. Oswaldo de Oliveira esteve por 2 anos no cargo, resultando em 113 partidas (64V/38E/31D) sendo campeão da Taca Rio e vice-campeão Carioca. Em último, Cuca esteve por 2 anos e 5 meses no cargo, resultando em 138 Partidas (70/38E/30D onde levou o time para uma vaga na sul-americana apresentado um belo futebol.
A constante troca de técnicos pelas mais variadas diretorias com intuito de conquistar títulos e apresentar bom futebol raramente deu certo. Confiar no técnico dando carta branda e deixá-lo trabalhar seria o melhor a ser feito, mas nos primeiros resultados negativo da equipe, quem sofre é sempre o comandante principal que acaba carregando a culpa por muitas vezes. Longevidade no trabalho e sabe quem vai liderar a equipe é muito importante. Futebol não é ciência exata e não se muda do dia para noite, exige trabalho, dedicação e TEMPO para as coisas progredirem.
Mas o que é a tão falada gestão de futebol? A Era John Textor
A gestão de Futebol refere-se ao conjunto de práticas e estratégias que envolvem a administração de clubes de futebol, abrangendo diversas áreas como finanças, marketing, recursos humanos, planejamento esportivo e relacionamento com a torcida. O objetivo da gestão é maximizar o desempenho do clube, tanto em campo quanto fora dele, garantindo sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo.
A gestão esportiva envolve diversas áreas essenciais para o funcionamento e sucesso de um clube de futebol. Entre as principais áreas, destaca-se a gestão de eventos, que consiste no planejamento e organização de competições e eventos esportivos, cuidando de aspectos como logística, segurança e marketing. A gestão de equipes e atletas também é crucial, englobando a administração de times e jogadores, o que inclui contratações, planejamento de treinos, gestão de performance e contratos.
Outra área fundamental é o marketing esportivo, responsável pela promoção de marcas, equipes e ligas através de campanhas publicitárias, patrocínios e estratégias de engajamento de torcedores. A gestão de instalações é igualmente importante, abrangendo a administração de estádios, centros de treinamento e arenas, garantindo a manutenção, acessibilidade e uso eficiente desses espaços.
No aspecto financeiro, a gestão de finanças e orçamento cuida do controle financeiro do clube, planejamento de receitas e despesas, além da gestão de dívidas e investimentos. Os aspectos legais são indispensáveis, pois envolvem a administração de contratos, questões trabalhistas, direitos de imagem e a conformidade com as regulamentações esportivas. Por fim, a mídia e transmissão também desempenham um papel relevante, coordenando a presença do clube na mídia, a transmissão de jogos e a negociação de direitos televisivos.
Além dessas áreas, os clubes de futebol contam com diversas fontes de receita vitais para sua sustentabilidade. Direitos de transmissão são uma importante fonte, gerando receita a partir dos valores pagos por emissoras de TV e plataformas de streaming para transmitir os jogos. Outro exemplo é o patrocínio, onde marcas fecham acordos comerciais para associar seus nomes ao clube, seja estampando logos nas camisas, materiais publicitários ou nos estádios.
A bilheteria também é uma fonte significativa, gerando receita com a venda de ingressos para partidas e eventos organizados pelo clube. A venda de produtos oficiais, como camisas e outros itens licenciados com a marca do time, é uma forma de monetizar o engajamento dos torcedores. Além disso, a transferência de jogadores permite que o clube obtenha receita ao vender ou emprestar atletas para outras equipes.
Programas de sócio-torcedor são outra forma de gerar receita recorrente, oferecendo aos torcedores benefícios exclusivos em troca de uma contribuição regular. O clube também pode obter prêmios por competições, recebendo montantes significativos por sua participação e desempenho em torneios nacionais e internacionais.
A exploração do estádio representa outra oportunidade de receita, seja com o aluguel para eventos, shows, ou através da venda de naming rights, onde o nome do estádio é cedido a uma empresa patrocinadora. Além disso, ações de marketing digital são cada vez mais relevantes, permitindo a monetização de canais digitais e redes sociais por meio de parcerias e publicidade. Finalmente, a participação em esportes virtuais, como eSports e fantasy leagues, abre novas possibilidades de geração de receita.
Essas áreas de atuação e fontes de receita são fundamentais para que um clube de futebol mantenha sua competitividade e crescimento no cenário esportivo.
Conclusão
É importante lembrar ao leitor que boa gestão não garante títulos nem que a bola entrará em todo jogo, mas cria as condições necessárias para o sucesso. Práticas de gestão eficiente não eliminam o risco esportivo, mas aumentam as chances de um clube ser competitivo a longo prazo, permitindo investimentos estratégicos, uma estrutura sólida e um relacionamento saudável com a torcida. Em suma, uma boa administração aproxima o clube de conquistas e estabilidade, mesmo que os resultados no campo ainda dependam de fatores imponderáveis. Afinal, a bola não entra por acaso!
No próximo post, trarei os números da era Pré SAF e o sucesso antecipado da ERA Pós-Textor no clube com análise dos recentes técnicos e seus desempenhos.