A 32ª rodada pode ter sido o divisor de águas do Brasileirão 2024

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Foto: Reprodução

 

O título da crônica fala por si mesmo. Mas vamos aos fatos. Acompanhem só o raciocínio.

Na segunda-feira, o Corínthians bateu o Palmeiras na Neo Química Arena por 2 a 0. Placar fácil de cravar no bolão. A defesa palmeirense vem tomando a média de dois gols por jogo. O ataque vinha sendo brindado, em contrapartida, com um festival de pênaltis inexistentes que já haviam chamado a atenção do público. Não dava para prosseguir com a festa no Dérbi. Resultado: o Verdão passou em branco no clássico.

O Botafogo, líder do campeonato, percebeu a deixa. E já entrou com sangue nos olhos na terça para o clássico contra o Vasco.

O que se viu no Niltão nos primeiros quinze minutos foi, no dizer dos próprios torcedores vascaínos, uma espécie de jogo-treino. O alvinegro entrou com tudo, marcou pressão e, aos doze minutos, já vencia por uma diferença de dois gols.

E que gols! No primeiro, uma roubada de bola serviu Marlon Freitas, que puxou contra-ataque lançando Alex Telles pela esquerda. O lateral avançou, olhou para a área, mediu o passe e executou um cruzamento perfeito no segundo pau. Savarino, que vinha entrando livre, emendou de primeira, no outro canto, em um chute indefensável. Uma pintura renascentista, do porte de um Rafael.

Cinco minutos depois, em uma nova blitz botafoguense, a bola foi de pé em pé até a área, onde encontrou Luiz Henrique. Na frente do goleiro, o craque improvisou uma jogada de futsal, trocando do pé esquerdo para o direito, rapidamente, antes de finalizar com um toquinho. Lance digno da assinatura de um Da Vinci.

O Vasco estava mais tonto do que um pugilista nas cordas, depois dessa saraivada de golpes. Ainda assim, tentou esboçar uma reação.

Duas jogadas em sequência pela direita, explorando os avanços do lateral botafoguense, obrigaram John a justificar o bicho da partida. E foi só.

O Botafogo retomou o controle das ações, imprensou o adversário novamente e esteve perto de marcar o terceiro. Aos trinta, Igor Jesus roubou a bola no meio de campo, deu uma meia-lua sensacional no defensor que vinha na cobertura, avançou velozmente e, na saída do goleiro, tocou rente à trave direita. Uma obra-prima inacabada. Merecia.

Já no final da primeira etapa, o próprio Igor se encarregou de forçar um pênalti, transformado em falta fora da área pela revisão do VAR. O árbitro, seguindo a regra do ataque promissor, expulsou João Victor pela infração.

Por mais estranho que possa parecer, a desvantagem numérica acabou sendo benéfica para o Vasco. O técnico Rafael Paiva, percebendo o potencial do desastre, tirou os homens de frente e tratou de formar uma linha de cinco para evitar o massacre. O Botafogo, por sua vez, diminuiu a pressão na saída de bola. Mesmo assim, fechou o baile com mais um golaço, dessa vez de Júnior Santos, que acabara de entrar. Um lindo toque, encobrindo o goleiro Léo Jardim, pincelada de mestre, digna de um Michelângelo.

Agora voltemos ao ponto. Com a vitória no Dérbi, o Corínthians chega a três triunfos seguidos, pula para trinta e oito pontos e fica lá pelo meio da tabela. Faltando ainda seis rodadas para o final do campeonato, dificilmente cairá.

O Palmeiras, ao contrário, vê o sonho do tri cada vez mais distante. Com os seis pontos de diferença para o líder, tombam por terra os discursos dos portais de assessoria disfarçados de mídia independente, que insistiam na tese da reversão pelo confronto direto. A depender dos próximos resultados, o jogo entre Palmeiras e Botafogo no Allianz pode ter sido inteiramente neutralizado.

É uma ducha de água fria no elenco. Para piorar o quadro, na coletiva após a derrota, o técnico Abel contribuiu para baixar ainda mais o moral da tropa, atribuindo o fracasso a “erros individuais.”

Para o Vasco, que vinha de duas vitórias, o massacre no clássico pode significar o fim de suas vagas aspirações à Libertadores. Cabe lembrar que o time tem três jogos dificílimos pela frente, dois contra adversários do topo da tabela. Na próxima rodada, a equipe cruzmaltina enfrenta o Fortaleza no Castelão; depois, pega o Internacional, no Rio, para em seguida viajar até São Paulo, onde joga com o embalado Corínthians na casa do adversário.

Quanto ao nosso Botafogo, a goleada de terça, além de dar moral ao time, significou, de uma só tacada, uma gordura de seis pontos, o fim da vantagem palmeirense no saldo de gols e, ainda, a volta por cima de um de seus maiores trunfos, o atacante Júnior Santos, recuperado de uma grave lesão na tíbia.

A cereja do bolo foi a declaração de John Textor no final da partida. Depois de engraxar a chuteira do autor do último gol da partida, ele prometeu mais investimentos para 2025.

Pois é. O futebol pode ter muitas surpresas. Mas uma coisa é certa. Venha o que vier, a SAF botafoguense se provou um grande divisor de águas na História do clube.

Rodrigo Rosa veio para dividir com a Nova Escrita  www.novaescrita.art.br

 

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